sábado, 13 de março de 2010

Flâneur

O ato de perambular pela cidade em passeios contemplativos recebe o nome de flânerie. Adepto dessa prática, o Flâneur é um indivíduo livre e curioso que dispõe o seu tempo andando praticamente sem destino e observando a multidão. Ele se embrenha pela cidade em busca da experiência nova, do conhecimento e da contemplação, sem ser notado, sem se inserir na paisagem, logo, o anonimato é uma importante condição para sua existência.
Segundo João do Rio, em sua crônica ''A Rua'', ''Aí está um verbo universal sem entrada nos dicionários, que não pertence a nenhuma língua! Que significa 'flanar'? Flanar é ser vagabundo e refletir, é ser basbaque e comentar, ter o vírus da observação ligado ao da vadiagem. Flanar é ir por aí, de manhã, de dia, à noite, meter-se nas rodas da populaça, admirar o menino da gaitinha ali à esquina (...); é estar sem fazer nada e achar absolutamente necessário ir até um sítio lôbrego, para deixar de ir lá, levado pela primeira impressão, por um dito que faz sorrir, um perfil que interessa, um par jovem cujo riso de amor causa inveja. É vagabundagem? Talvez. Flanar é a distinção de perambular com inteligência. Nada como o inútil para ser artístico.''
(''A Rua'')

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